Às vezes fico pensando que as pessoas deveriam ser mais sinceras. Acabar com joguinhos, ou o que homens falam que a mulher faz, “cu doce”. Só que pensando bem, não podemos dizer realmente o que queremos dizer, não é apropriado. Por exemplo, você quer dizer para “aquele cara” que gosta dele, gosta de conversar com ele, gosta de às vezes ficar com ele, mais é só isso, não quer sair com ele, pelo menos não em encontros só vocês dois, que é melhor deixar rolar, que os dois se encontrem casualmente e quando você tiver vontade você diz e fica, ponto. Mais é óbvio, se você falar isso para ele, ele vai te odiar, te xingar e nunca mais olhar na sua cara. Então, para manter essa amizade, quando ele te convida pra sair você inventa qualquer desculpa, desde de tem que pintar a unha a “minha vó está no hospital” e não saí, afinal, você não tá afim, e ele chama você de cu doce, enroladora, mais mantém o contato e o convite pra sair.
Mais se queremos o direito de falar o que quisermos, temos que aprender também a ouvir o que não queremos. Afinal se você quer dizer para o cara que não está tão afim dele ao ponto de sair, ele pode muito bem responder um “tudo bem, eu queria mesmo a sua amiga, mais como ela tá namorando, o que me restou é você”. É, definitivamente sinceridade não é apropriada, não se você quer viver em sociedade. Por isso é que existe a ironia e o sarcasmo, é um ótimo cano de escape para verdade. Na realidade uma verdade dita com ironia é melhor que a verdade dita “sinceramente”. Não existe nada que com ironia não fique melhor, mesmo quando você é alvo dessa ironia, afinal você pode sorrir, xingar a pessoa de filha da puta mentalmente, disfarçar que não entendeu e ficar a posto só esperando para retribuir. Se existe a verdade nua e crua, a ironia é vestida e temperada e quanto mais apimentada for, melhor.