domingo, 11 de julho de 2010

Os pródomos das relações simbólicas: Sexo com empregados, luta de classes ou apenas uma sacanagem doméstica?

No dia de hoje soube de uma história muito engraçada e que me fez refletir. Um nobre amigo meu foi em uma casa da luz vermelha, um bordel, um antro dos prazeres da carne, um lugar de perversão e luxúria, ou seja, um prostíbulo (sim, um puteiro, só quis ser educado). Ao adentrar no recinto encontrou a sua ex-empregada doméstica. Sim, sua ex-empregada, aquela que lhe fez companhia e que conviveu por tanto tempo dentro de sua humilde residência, aquela moça simpática que ficava ouvindo Clube FM todas as manhãs, aquela, sim, aquela havia se tornado uma meretriz. Situação inusitada e no mínimo constrangedora, pois a donzela em questão, a Dona Márcia, com cerca dos seus 30 anos, trabalhou na casa dele por dois anos. Seria possível uma ereção em uma situação como essa? No caso do meu amigo, não foi possível, ele ficou constrangido, não podia acreditar no que seus olhos viam, sua ânsia por divertimento havia desaparecido tendo ele que ir embora do estabelecimento. A situação foi mais complexa do que pode aparentar ser, visto que a percepção semiótica do nosso colega foi alterada de forma brusca, já que a mulher que antes lhe fazia o Nesquik de morango agora estava o convidando para conhecer sua alcova. Você pode estar pensando que essa historia é fraca e sem sentido, um mero “informativo institucional”, mas não, ela faz refletir todo um contexto histórico-sociológico, afinal, há toda uma relação da ideologia do trabalho e da relação empregado e patrão. Relação essa que é complexa e emana o mais completo ódio, ou o mais completo afeto. Sentimentos que me lembram muito o relacionamento afetivo, ou seja, sexo( sim, trepar, foder e etc). Desde a época da escravatura, nos pródromos da nossa independência, o senhor de engenho adorava escolher uma formosa escrava para trabalhar dentro da casa, com a desculpa de ajudar a mulher e filhas. Na verdade, a mucama realizava outros trabalhos para o senhor de engenho, os quais não envolvia nem a plantação de café, nem servir a mesa. Com o fim da escravatura, a revolução industrial, a criação do videogame WII, parece que a situação não mudou muito. Quantas histórias já ouvimos falar do filhinho de papai que engravidou a empregada? Deve ser a luta de classes que Marx falava, a luta do proletariado contra a burguesia, nesse caso, a burguesia literalmente fode o proletariado. Deve ter uma explicação de Freud, ou algum arquétipo de Jung. O patrão faz a transferência da mãe, para a empregada dona de casa, dedicada ao trabalho do lar. Ou vê a empregada como um produto e tenta consumi-la, o problema é esquecer a camisinha. Trepar com a empregada tudo bem, ter filho com ela, é escândalo. Seja por explicação marxista, freudiana ou até mesmo católica, no qual poderíamos ver o patrão como cristão levando a fé para os necessitados, mas fé aqui, chamaríamos de...
É, enfim, melhor não comentar; a relação patrão e empregado vai muito além da nossa vã filosofia, sim, eu citei Shakespeare, mereço reconhecimento. Talvez meu amigo volte no prostíbulo e encontre a ex-empregada dele e termine o serviço, afinal de contas quem pode culpá-lo? Ele está só cumprindo sua função social que o capital e a divisão de trabalho lhe impuseram, agora cabe a ele impor na empregada.


co-autoria: Mário Westphal.