Sentei no banco do ônibus, ótima oportunidade de ler o texto de Relações Públicas, vamos lá, “O público deve ser definido de maneira que o plano de comunicação...”.
- É mais ta grave mesmo essa gripe.
- Sim, to sabendo, daqui a pouco vai tá todo mundo usando máscara.
Pronto, a maldição da leitura no ônibus, parece que toda vez que você tenta ler alguma coisa no ônibus aparece pessoas falando alto bem do seu lado. E não eram quais quer pessoas eram duas senhoras, isso faz a conversa ficar mais alta ainda.
- É, isso tá me lembrando a AIDS.
“Para uma boa análise de público alguns fatores devem ser entendidos...”.
- Mas com a AIDS é só não transar.
Pêra aí, eu ouvi à senhora falando “transar”?
- É verdade, e também você acha que esses jovens vão querer usar máscara? Que nada.
- Eles nem usam camisinha.
- Eu uso.
Tá, depois dessa desisti de ler.
- Como assim Maria?
- Ah vai saber né? Casada há tantos anos mais ainda uso...
- Aí daqui a pouco você vai transar com máscara.
- Rárárá, pare com isso.
- Vamos, esse é ponto da igreja.
As duas senhoras desceram no ponto.
Que me desculpem os teóricos, mas no final das contas ouvir conversas de ônibus é a melhor fonte de estudo sobre público que existe.