sábado, 20 de junho de 2009

Quando o inverno chegar...

Ela chegou sem fazer barulho, só percebi sua presença quando tocou meu ombro. Me virei e pude ver que ela vestia minha camisa xadrez, apenas minha camisa xadrez. Sorri, ela sabia como eu gostava de vê-la assim. Deitou na beirada da cama, calma, com o olhar distante, respirou fundo como se preparasse para um grande mergulho, disse com uma voz casual:
- Fred, promete dizer quando você deixar de me amar?
Não entendi a pergunta, tentei disfarçar.
- Que tipo de pergunta é essa Cecília?
- Uma pergunta, apenas uma pergunta – disse ela se jogando na cama.
- E quem disse que um dia vou deixar de te amar? – respondi com ironia.
Ela levantou, percorreu o quarto com os olhos.
- Esse dia sempre chega – disse ela sorrindo – Você dorme amando uma pessoa e quando acorda, vira pro lado e percebe que está deitada com um completo estranho. Esse dia sempre chega.
- Porque esse assunto agora Cecília?
- Apenas me prometa Fred, você vai me dizer quando não me amar mais, antes que aconteçam traições, brigas, deslealdade, antes que morremos um para o outro, feito uma flor no inverno.
Encarei-a, como amava nesse minuto, abracei-a.
- Prometo Cecília, não te amarei para sempre, te amarei até a primavera.
- E o verão?
- No verão, você é quem vai me amar.
- E no outono, Fred?
- Nós dois nos amaremos.
Ela soltou-se dos meus braços, deitou-se na cama.
- E no inverno?
- Ah Cecília, nunca gostei do frio...
- Nem eu Fred, nem eu.
Deitei com ela na cama, o inverno estava longe.