Ode a mulher que não goza
Que toda orgulhosa se diz importante
Deita-se na cama, faz cara de freira, se finge de morta.
Abre as pernas, gemidos alheios,
Dá-se por contente, com seu amante precoce,
Que vira e ronca, babando sem corte.
E diz pra vizinha que tem muita sorte.
Ode a mulher que não se toca
Desconhece seu corpo
Se falarem no assunto faz cara de susto:
“Clitóris, que é isso? Fica aonde? Não tenho disso, sou séria, donzela, só assisto novela”.
“Masturbação”? “Sei não, é coisa de homem, eles podem, eles precisam, só tiram e balançam, nunca vi, nem toquei isso é pecado e disso eu não sei”.
Ode a submissão feminina
Que atrasam o progresso, crucificam Marias Madalenas,
Só falam besteiras, defendem a família,
É mãe dedicada, esposa fiel,
Sem saber que o marido adora um bordel.
Ode a mulher que não goza
Se sente vazia
Traída, amarga
E vê na vagina o castigo divino, a maça, o inimigo.
Esquecendo-se que é esplendorosa,
Fugaz, corajosa,
Pois acima de tudo, se chama mulher.